ÉTICA

Debate sobre Ética - 17/10/95
Universidade Estadual de Londrina - UEL

Nos últimos tempos, "Ético" tornou-se uma palavra para referência do que podemos fazer de maneira certa ou errada.

Se perguntarmos para as pessoas uma definição para ética vamos perceber uma variação enorme de idéias sobre o mesmo conceito e, provavelmente, todos estarão corretos.

Há pessoas que dizem que ética é estar de acordo com os padrões de uma profissão, de um grupo ou empresa. No entanto a existência de um Código de Ética e as promessas de cumprimento deste Código não representam necessariamente uma tomada de consciência, quer seja profissional, grupal
ou mesmo empresarial.

Vejamos o que ocorre na profissão de Secretária. Nosso Código de Ética foi criado em 1973, reformulado em 1976 e posteriormente em 1989, no mês de julho. Ou ainda na empresa onde a palavra "cultura" na verdade significa "o jeito como fazemos as coisas por aqui".

Por que isso acontece? Se temos a pretensão de resolver os problemas, nos parece que um primeiro ponto fundamental é a RESPONSABILIDADE, que normalmente achamos que não é nossa, quando na maioria das vezesé o inverso.

Um segundo ponto igualmente fundamental é a falta de CORAGEM para enfrentar problemas de gerenciamento. É muito difícil, incômodo até, conversar com alguém e realmente criticá-lo ou corrigí-lo, ainda que de forma justa e honesta porque "não queremos problemas", precisamos de aceitação e temos necessidade de ser benquisto.

Um terceiro ponto e também igualmente fundamental é a SEGURANÇA que necessitamos para, por exemplo por escolher entre duas ou mais direções, decisões, valores etc, situações que ocorrem frequentemente no dia-a-dia de trabalho.

Como poderemos perceber esses três elementos são necessários não só no trabalho mas em nossas vidas, de maneira que se pode concluir que não existe ética subdividida como muitas vezes encontramos por aí. É necessário compreender que essas divisões funcionam apenas como fatias de um mesmo bolo, por exemplo.

É quase impossível ser ético na empresa ou na profissão se não trouxermos esses valores demtro de nós, se isso não veio conosco na nossa história de vida, na nossa família.

Isto acontece porque o comportamento é o arranjo de diversos papéis que desempenhamos na sociedade. Há sabemos diversos "modelos" que são preparados pela sociedade em que vivemos. Por exemploa beleza tem um padrão introjeado em cada um de nós: ela é feminina, de traços finos e delicados, com peso abaixo da média, com um ar de "não sei bem o que está acontecendo".

Estes papéis preparados pela sociedade nos remetem ao professor, médico, advogado por exemplo, que já encontraram a definição do seu script na sociedade, coisa que ainda não foi feita com nossa profissão.

Esta construção ainda não foi feita porque constatamos que não basta saber, é preciso também querer. Mas não adianta saber e querer se não tivermos percepção do dever e não tivermos poder para acionar mecanismos de transformação da sociedade.

Esse poder é inerente ao sindicato na medida em que ele é um instrumento de ação social mas o saber, o querer e o dever vem das pessoas que formam esse grupo.

  • E se na empresa, mesmo procurando ter um comportamento ético eu desperdiço energia, papéis, etc.; não presto muita atenção no horário de trabalho, porque alguns minutinhos não fazem diferença; não coopero com outros colegas ou áreas; não assumo responsabilidades para não correr risco de sair da zona de conforto; ou ainda não aceito feedbacks desfavoráveis.

  • E se na profissão eu continuo vendo cada secretária como inimiga e não passo adiante meus conhecimentos; não busco construir o coletivo da minha profissão;  continuo resolvendo com meu Executivo assuntos que não dizem respeito só a minha  pessoa, mas a qualquer funcionário da empresa; se conto para minha amiga que meu executivo estava nervoso, cansado, alegre etc.

  • Se na minha casa eu ouço música muito alto, sem me importar com as outras pessoas ou com os vizinhos, se utilizo o único telefone da casa como se eu fosse o único habitante do lar.

Um sindicato, um Código de Ética, uma Empresa e uma família poderão ajudar muito, se cada um de nós perceber a importância de um comportamento ético.

Na verdade não é ruim nem é mal algum queremos subir na vida, ganhar dinheiro ou mesmo querermos que nossa empresa dêlucro, ficarmos ricos. Essas coisas podem ser feitas de maneira honesta, cooperativa e que dê grande contribuição para transformar e melhorar o mundo.

Vamos pois investir em nossos relacionamentos pessoais, profissionais e perceber que quanto mais próximos forem esses relacionamentos mais investimento nosso será exigido, mais atenção e dedicação serão necessárias para construirmos o bem comum.

Ética é a construção do bem comum. Muito fácil de falar e muito fácil de construir. Mãos à obra!


Bibliografia
Ética e Competência - Terezinha Azerêdo Rios. Cortez Editora
A Ética no Mundo da Empresa - Nelson Teixeira e outros. Fundação Fides, Pioneira.
Ética no Trabalho - Barbara Ley Toffler. Makron Books
Ética um Compromisso Permanente - Eugen E. Pfister Jr.
Código de Ética Profissional da Secretária - Federação Nacional das Secretárias
A Nova Ética - Pierre Weil. Editora Rosa dos Tempos

Leida Borba de Moraes

  • Presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo.

  • Presidente da Federação Nacional das Secretárias e Secretários.

  • Presidente do Capítulo Brazil do IAAP-International Association of Administrative Professional.

  • Diretora de Assuntos de Seguridade Social da CNTC-Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio.

  • Comendadora da Ordem do Mérito Alvarista – Fundação Alvares Penteado – pelos bons serviços prestados à Educação no País.

  • Conferencista nacional e internacional.

Email: leida@mandic.com.br