ESTILO DE VIDA DA CONSUMIDORA
Faustino Vicente *
O mês de março apresenta como destaques o Dia Internacional da Mulher e o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, duas referências de vital importância para o sucesso das empresas, já que a tendência de mercado tem na mulher uma de suas maiores fontes de motivação. Com cerca de 25% dos lares brasileiros chefiados pelo sexo feminino, cujo universo mostra a silhueta do seu novo estilo de vida, seria ingenuidade dos especialistas em marketing de relacionamento não estarem antenados nas expectativas, necessidades, objetivos e sonhos, de tão expressivo potencial. Esta conjuntura nos remete ao pensamento do economista inglês, John Maynard Keynes (1883-1946) "sempre que a realidade econômica muda, minha convicção também muda". É preciso se conscientizar que a mulher não ganhou apenas espaço no mercado de trabalho, mas que, com seu novo jeito de ser ela é a grande responsável pela revolução de muitos segmentos empresariais, nestas últimas décadas. Cada vez mais é ela quem decide a compra das roupas para as crianças, escolhe os produtos nos supermercados, adquire material escolar para os filhos, influencia no tipo e na cor do carro e na aquisição da casa própria. Enfim, da papinha do nenê às compras nos shopping centers quem dita a moda é essa "frágil" e sensível criatura.Mais do que qualquer outro fator, é o estilo de vida a variável maior para a conquista e a fidelização da clientela, fato este que tem levado as empresas a direcionarem as suas pesquisas de mercado para os mínimos detalhes dessa nova consumidora. Investigar quem são, o que fazem, o que pensam, o que sentem e, principalmente, como vivem, é estratégia essencial de marketing. Consciente do seu poder de fogo, a consumidora brasileira vai se tornando mais exigente, receptiva à troca de marcas, pesquisadora, associativa para boicotar e reclamar, seletiva e, como sempre, fascinada por uma queima de estoque, descontos promocionais e por aquela... irresistível banquinha de saldos. Se ainda acha constrangedor reclamar diretamente ou procurar os Órgãos de defesa do consumidor, não excita em usar de uma arma temida pelas empresas, e pelos profissionais liberais, que é o marketing do tititi. para criticar - o estrago é geométrico. Já não basta encantá-la, é preciso convencê-la, pois sabe que a legislação que rege a política das relações de consumo garante "o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, e a melhoria de sua qualidade de vida."A elevada taxa de desemprego,a estabilidade da moeda, o aumento da concorrência e a perda salarial da massa trabalhadora fizeram com que ela gerencie o orçamento familiar com extremo rigor, mesmo que para isso tenha que enfrentar, por exemplo, o congestionamento humano da famosa Rua 25 de Março, em São Paulo. O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078 de 11/09/90) consagrou a teoria da responsabilidade objetiva, que obriga o conserto ou troca de produto com defeito, e o retrabalho de serviços fora de especificações ou o ressarcimento dos valores pagos. A empresa inovadora aproveita as críticas e as sugestões como a grande oportunidade para superar o seu maior concorrente - ela mesma. A receita para conquistar e manter clientes exige que a empresa seja ética, interativa, pró-ativa, prometa apenas o que possa cumprir, e cumpra tudo que prometeu, faça da excelência em produtos e serviços a sua identidade junto ao mercado e esteja comprometida com a preservação do meio ambiente e com os movimentos de responsabilidade social. Encerro com a convicção de que as diferenças que a natureza estabeleceu entre o homem e a mulher são aviamentos complementares à vida em comum, mas reconheço, que as belas continuam afiando suas garras para serem, cada vez mais, feras.
* Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos, Professor e Advogado
e-mail: faustino.vicente@terra.com.br - tel.(011) 4586.7426
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