Artigo publicado na Gazeta Mercantil de 30/9/99
MERCADO EXIGE PROFISSIONAL POLIVALENTE E ATUALIZADA
Profissional tem que falar pelo menos dois idiomas, entender de comunicação e liderança, além de ter noções de marketing e finanças.
A secretária que não falar pelo menos dois idiomas, não entender de comunicação, liderança e relacionamento de pessoal, não tiver noções de marketing, finanças e planejamento e, principalmente, não se atualizar constantemente terá dificuldades para manter seu emprego no próximo milênio. A afirmação é da vice-presidente do Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo (Sinsesp), Maria Elizabete Silva D'Elia, mas a discussão do assunto tem aumentando nos últimos tempos e já chegou até aos organizadores de feiras profissionais.
Embora o Dia da(o) Secretária(o) esteja sendo comemorado hoje, a Miller Freeman do Brasil deixou para novembro a realização da feira "Secretária Brasil' 99". O evento é o primeiro destinado a secretárias e espera receber pelo menos 30 mil profissionais. Aproveitando a data, inúmeras empresas organizaram esta semana palestras com a participação de renomados profissionais principalmente de recursos humanos. Em todos os casos a discussão do assunto ficou em torno do mesmo tema: a mudança no perfil da secretária.
De acordo com o consultor especializado em selecionar executivos, Marcelo Lefèvre, o perfil procurado por grandes empresas hoje se assemelha ao de um executivo. Segundo ele, conhecimentos técnicos são pré-requisitos tão básicos que já não diferenciam mais uma profissional de outra. "O mercado evoluiu tão rapidamente que passou a enxergar a secretária como uma auxiliar menos passiva, de mente mais flexível e caráter mais investigativo", analisa. "Entender o que está acontecendo em volta e assumir mais risco é o perfil cada vez mais procurado."
Estimativas do Sinsesp indicam que só no Estado de São Paulo existem 800 mil profissionais da área de secretariado, 90% formado por mulheres e 50% do total atuando na Grande São Paulo. Com salários que oscilam entre R$ 800,00 e R$ 6 mil, o sindicato acredita que as maiores remunerações pertencem àquelas profissionais que além de fazer um curso superior tenham pós-graduação, habilidades com informática, noções de marketing e finanças e estejam sempre buscando aperfeiçoamento. "Hoje o leque de atuação exige polivalência", afirma Maria Elizabete. "A Secretária não deixou de cuidar da agenda do chefe, mas agregou coisas que ampliaram sua ótica de competência e por isso precisa se atualizar."
A secretária bilingue Walkyria Mazon Gati, de 40 anos, sentiu essa necessidade quando começou a atuar na área de importação da empresa de representação comercial de equipamentos científicos Espectro Sul Americana. Para entender melhor o assunto, ela decidiu fazer um curso de pós-graduação em comércio exterior e não pensa em parar por aí. "Qualquer profissional que deixar de se reciclar dentro de sua atividade será excluído do mercado de trabalho", acredita.
Quando foi trabalhar na unidade brasileira da maior empresa relojoeira do mundo, há quase três anos, a desenhista industrial com mestrado em marketing Valéria Baroni Santi Wilson, de 39 anos, preferiu ser chamada de assistente já que estava disposta a exercer mais que as tarefas básicas de uma secretária. Oito meses depois ela já respondia pelo presidente do Swatch Group Brasil em sua ausência e hoje é a responsável pelo marketing da empresa no País. "A secretária tem de estar totalmente integrada ao seu superior a ponto de entrar na sala e saber o que ele está pensando", diz.
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